Mais importante do que como começamos, é como terminamos!

Nossa sociedade celebra incessantemente os começos: o nascimento, o casamento, o carro novo, a casa nova e a tão esperada virada do ano. Mas, ao longo da minha experiência trabalhando com longevidade, aprendi algo precioso, os finais também são dignos de atenção. É nos últimos capítulos de nossas vidas que refletimos sobre o impacto que deixaremos no mundo e, muitas vezes, ressignificamos nossas jornadas.

 A história nos ensina que finais bem vividos podem ser transformadores. Grandes obras foram realizadas no auge da maturidade: Leonardo da Vinci, Nelson Mandela e tantos outros deixaram legados que continuam a inspirar gerações. Não é o início de suas trajetórias que os definirão, mas foi o modo como concluíram suas missões, com propósito e profundidade que nos marcaram.

Minha vivência ao lado de tantas pessoas que se despedem da vida me ensinou que finais redentores são possíveis, mesmo após trajetórias turbulentas. Muitas vezes, me vi diante de histórias familiares marcadas por dores, segredos ou rompimentos, que, antes de um adeus definitivo, encontraram cura e reconciliação. Esses momentos de redenção são como presentes inesperados, laços refeitos, arrependimentos confessados, palavras não ditas finalmente ditas. Cada final restaurador me enche de esperança. Afinal, independentemente de como começamos ou vivemos boa parte do caminho, ainda temos o poder de transformar nossa história.

Para exemplificar uma família que viveu um final redentor, fiquem tranquilos que não vou contar da vida de ninguém que cuidamos aqui no Residencial, mas de uma família que está na Bíblia, oportunamente está na história do Natal, o exemplo inspirador está na história de Jacó. Neto de Abraão e ancestral de Jesus, Jacó teve uma vida marcada por erros e conflitos. Quando jovem, enganou seu pai cego, usurpou a bênção do irmão mais velho e formou uma família marcada pela discórdia. Seus filhos viviam em desarmonia, ao ponto de conspirarem para matar José, o preferido do pai. Era uma família cheia de disfuncionalidades, muito parecida com as nossas, tão humanas e imperfeitas. Mas, no final de sua vida, Jacó se tornou um homem transformado, arrependido, reuniu seus filhos e netos, restaurou os laços familiares e deixou um legado poderoso: bênçãos para cada descendente e destino para as gerações futuras.

Jacó nos ensina que, mesmo com falhas, é possível criar um final significativo e cheio de propósito. E nos deixa uma reflexão o que queremos para nossos finais? Não precisamos ser religiosos para aprender com essa história! A jornada humana é feita de tropeços e recomeços. O que importa não é a perfeição, mas a disposição de transformar nossos caminhos, especialmente nos momentos finais.

Neste fim de 2024, convido você a refletir: que final queremos para nossas histórias? Estamos vivendo com o propósito de deixar um legado com significado? Como Jacó, e tantos outros dos quais conheci, temos a chance de transformar nosso desfecho em algo que inspire e impacte as gerações futuras.

Os finais têm um poder especial, eles nos desafiam a olhar para trás com honestidade e para frente com esperança. Que possamos encerrar este ciclo com gratidão e começar o próximo com a intenção de viver de forma mais plena e consciente

Feliz e abençoado 2025!

Hayde Grazieli Fernandes
Especialista em gerontologia e proprietária Residêncial Balsamo de Gileade

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